Opinião: Atlético-GO e o melhor momento de adesão à SAF

Com a aprovação da Lei da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) de 2021, alguns clubes do futebol brasileiro vêm se movimentando no sentido de fazer a transição com vistas à adoção do clube empresa, mas a pergunta que se faz é: quando e como viabilizar essa mudança?

Devido à complexidade e discricionariedade do assunto, não pretendemos nessa abordagem analisar a Lei da SAF e as diversas situações impostas aos clubes que a ela aderirem. Com base nas informações e entendimento que obtivemos, faremos uma abordagem “sucinta” das possibilidades e da viabilidade da adesão do Atlético-GO à SAF nesse momento, sem, no entanto, esgotar as análises presentes e futuras que o assunto requer.

No caso do Atlético-GO, entendemos que, primeiramente, há que se verificar a situação do clube em alguns aspectos: hoje o Rubro Negro encontra-se bem organizado administrativa e financeiramente, portanto cumpre seus compromissos regiamente; tem uma marca reconhecida e valorizada nacionalmente; um crescimento exponencial da torcida devido a vários títulos conquistados no âmbito estadual e Brasileiros, Série C e B; uma excelente estrutura para treinamentos e estádio próprio para realização de seus jogos em casa. Numa primeira visão pode-se até, de maneira simplista, achar que é o momento ideal para o clube encontrar os possíveis investidores e assim pleitear a transformação em SAF, mudando de patamar no cenário futebolístico, mas entendemos não ser tão simples assim. Outros aspectos há que serem observados para se tomar tal decisão, e o Conselho Deliberativo do clube deve estar atento para que, se tomada, seja uma decisão equilibrada, pois um eventual “naufrágio” pode significar a volta do clube para os patamares do período difícil por que passou no final da década de 90 e início dos anos 2000 – quando quase teve decretada o fim de suas atividades como clube de futebol.

Os exemplos de adesão à SAF que temos no futebol brasileiro, como Cruzeiro, Botafogo, Bahia, Vasco, entre outros, podem soar tentadores para os dirigentes do Dragão, mas nenhum deles têm as mesmas características que o Atlético-GO. Esses clubes, salvo uma ou outra situação, têm marcas fortes no cenário nacional, têm endividamento elevado e o pagamento dessas dívidas se mostraram praticamente insolúveis com a situação de sociedade civil sem fins lucrativos, sendo a provável solução a opção pela SAF; não tinham capacidade de fazer investimentos e manterem os seus plantéis, por isso alguns deles até caíram para a Série B, e por último, esses times possuem gigantescas massas de torcedores em todo o território brasileiro, o que é um atrativo aos grandes investidores. Diferente disso, o Atlético-GO têm suas contas saneadas, não possui ainda uma grande marca no futebol brasileiro (se comparado aos clubes citados), e não possui uma torcida considerada grande, com essa se concentrando apenas no estado de Goiás. Esses são diferenciais que acreditamos possam impactar numa tomada de decisão de transformação em clube empresa.

Dessa forma, buscar o crescimento da marca “Atlético Goianiense” no cenário nacional e internacional, com melhores resultados nos campeonatos nacionais, Sul-Americana e até mesmo uma Copa Libertadores de América, primar pela organização e gestão do clube, e continuar priorizando o crescimento da torcida atleticana devem ser objetivos a serem perseguidos e podem significar, no prazo certo, um maior atrativo para se conseguir um investidor, considerado “de peso”, assim minimizando os riscos de fracasso, no caso de uma adesão a SAF.

Por hora, ainda não enxergamos ser o momento de entregar o clube a um investidor. É necessária muita cautela quanto a uma decisão de tal importância, conclusão parecida temos ouvido nos pronunciamentos dos dirigentes e acreditamos estarem corretos em não tomar uma decisão tão rapidamente, principalmente se o possível investidor não for aquele que eleve o clube aos maiores do futebol brasileiro, o que achamos ser difícil, dada as características que aqui apresentamos. Mas quem sabe, num futuro próximo, desde que o clube continue primando pela boa administração, crescimento de sua marca e de sua torcida, consiga atrair um grande investidor que possa ser a garantia de tornar o Atlético Goianiense um dos grandes clubes do futebol brasileiro e de grande destaque no cenário internacional.

Autor: Ronan Rodrigues de Andrade, 61 anos | Santo Antônio de Goiás-GO