Pedro Bambu: Útil e Inútil

Por: Lucas Rocha

Enquanto Pedro Bambu for 2º volante o Atlético não engrena. Depois desse jogo contra o Vila, confirmei aquilo que já analisava. O guerreiro e bom jogador Pedro Bambu mata o time quando é escalado nesta posição.

Primeiramente, é bom explicar certos termos táticos para quem não é muito habituado quanto a isso. Primeiro volante é aquele marcador, pé-de-ferro que não tem compromisso em atacar. Segundo volante é o que sai para o jogo, que busca a bola dos zagueiros, que inicia os ataques e geralmente tem um bom passe. Terceiro volante é um volante aberto, veloz, que também arma as jogadas, mas não necessariamente precisa ter um bom passe, e sim velocidade.

Considero a posição de volante a mais importante no futebol. A denominação não é à toa. O volante é quem guia o time, que faz a transição ataque-defesa. Observem os grandes clubes europeus, todos com volantes que sabem jogar, com ótimo passe. Não precisa ir muito longe, reparem no campeão brasileiro Corinthians com Elias, Atlético-MG com Rafael Carioca. No futebol de hoje, quem não consegue trabalhar bem a bola, fica encarregado apenas de marcar ou é escalado mais aberto, explorando a velocidade.

Lembrem dos tempos áureos do Dragão entre 2006 e 2011, com Pituca, Róbston, Bida, Ramalho e Weslley, etc. O time sempre jogava pra frente, fazia muitos gols. Com eles, nosso meio de campo era respeitado pelo país inteiro. Quem não se lembra de Galvão Bueno chamando nosso Atlético de “Barceloninha?!”. Com Bambu como segundo volante a equipe trabalha menos a bola, consequentemente faz poucos gols. Sem falar dos inúmeros passes errados que nosso Pedro Bambu erra, proporcionando contra-ataques aos adversários.

Pois bem, quando Bambu foi contratado pelo Atlético no final de setembro de 2013, pouco se sabia sobre ele. O que era de conhecimento do torcedor atleticano é que o mesmo era um volante que se destacou no Tiradentes, do Ceará. Mas que tipo de volante?! Defensivo? Com boa saída de bola? Agudo pelas laterais?! Só saberíamos vendo ele em campo.

E Pedro Bambu, mesmo desconhecido, já foi colocado no time titular rubro-negro na reta final da Série B de 2013 pelo seu “padrinho” PC Gusmão. Da 28ª rodada em diante o volante não saiu do time. Seu posicionamento? Bambu era um 3º volante pela direita, que auxiliava bastante o lateral e saía com muita velociadade pelo lado quando o time atacava. Formava um tripé de volantes ora com Régis e Bida, ora com Régis e Renan Foguinho. Desta forma, aberto, sem ter que buscar a bola diretamente dos pés dos zagueiros para iniciar as jogadas, Pedro Bambu se firmou na equipe e foi peça fundamental na fuga do rebaixamento daquele ano.

Em 2014, Pedro Bambu iniciou a temporada com moral. Marcelo Martelotte adotou um esquema com apenas 2 volantes, sendo Foguinho o pé-de-ferro e Bambu como segundo volante. Todavia, a partir daí ficaram evidentes as deficiências dele. Sem qualidade no passe, Bambu não rendia e não fazia o time render jogando nesta posição. Como o lateral Mateus Caramelo não correspondia, Martelotte optou por tirar Bambu do meio e colocá-lo na lateral direita. Assim, o time passou a ter um meio de campo mais produtivo, reagiu no campeonato e foi campeão. Pedro Bambu se destacou na lateral-direita.

Na Série B de 2014 outras posições foram encarregadas a nosso polivalente jogador.  Hélio dos Anjos e Wagner Lopes hora nenhuma escalaram-o como segundo volante e ele correspondeu. Com Hélio, Pedro foi um meia aberto pela direita. Com Lopes era o primeiro volante, o volantão, que carregava o piano para quem sabia de verdade tocar a bola e mover o time, no caso, Willian Arão. O Dragão fez um grande campeonato e por pouco voltou à Série A.

Pronto, agora sim passamos a conhecer Pedro Bambu. Volante rápido, que marca bem, que tem muita disposição, mas que é uma negação como segundo volante. Em 2015, Bambu jogou em todas as posições já citadas. Porém, foi constantemente escalado como segundo volante e o ano foi uma lástima. Ataque inoperante, a bola não chegava. Time lento na transição o ano todo.

Agora sim, 2016. Esquema com apenas dois volantes, sendo Gilson Alves o marcador e Bambu segundo volante. Resultado? Todos vocês estão vendo. Time lento, sem qualidade no passe, zagueiros dando chutões.  Quando Bambu esteve fora por lesão, foi escalado no seu lugar o meia William Schuster. Não melhorou muita coisa, mas o time com Schuster dava menos chutões, trabalhava um pouco melhor a bola.  Com Schuster, batemos no Goiás. Com Bambu perdemos vergonhosamente para o Vila Nova que, com todo respeito, até o jogo de domingo passado não passava de um bêbado na ladeira.

Não estou querendo dizer que Bambu é o único culpado pelas más atuações rubro-negras. Mas está muito claro que ele como segundo volante mata o time. Sou a favor SIM de Bambu titular, mas em outra posição. Ele é muito ÚTIL como primeiro volante, lateral direito e meia direita. Mas na posição em que é mais escalado, segundo volante, está evidente sua INUTILIDADE.