Opinião: Dragão também é Carnaval, Atlético é alegria popular!!

Futebol, Samba e Carnaval sempre caminharam juntos na cultura popular brasileira. Nas terras goianas, de catira, viola, rockn roll e sertanejo, o Samba também garantiu seu lugar junto ao mundo do futebol. E vamos adivinhar qual Clube goiano tem uma relação toda especial com Samba e Carnaval ? Seria o mais antigo de nossa capital ? O Clube que surge da 1ª zona boêmia da história da cidade ? Um certo rubro-negro ali da Campininha com a Vila Operária… O time identificado com as festas populares, desde o “Conjunto Regional Goyaniense”, nos anos 30 e 40, fazendo apresentações para gerar receita para o Clube, passando pela “Banda do Lulí” e as festas que atravessavam a noite no Estádio Antonio Accioly nos anos 60… até a turma do batuque de Mauricio Respeita as Cores e “Os Bambas de Campinas” agitando a arquibancada e a Campininha dos anos 70… Sem nos esquecer da saudosa Charanga do Betão, querido Betos Bar, com seu ritmo que contagiava na Arquibancada e no Buteco nas primeiras décadas dos anos 2000… Isso mesmo, estamos falando de Atletico Clube Goianiense.

O Dragão Campineiro carrega uma trajetória ligada a Escolas de Samba de Goiânia, e há um conjunto de evidências e boas histórias que comprovam isso. Outro dia eu estava catalogando os Troféus do Dragão, ali no Centro de Treinamento do Urias – Sim, temos uma sala repleta de troféus, todos bem guardados e que em breve serão expostos para o Torcedor – quando em meio a poeira que me atacava a alergia… me deparei com uma reluzente taça com a inscrição “Campeão do Carnaval”, datada do final dos anos 60. Pensei: Vem pesquisa por aí hein !! Já indica que o Dragão faz e fez sucesso também fora das quatro linhas.

Aí o caro leitor pergunta, mas só isso ? Claro que não. Tem muito mais. Entre 1976 e 1979 o Dragão contou com um jogador chamado Bereco, que veio da base do Botafogo-RJ para cá. O meia canhoto trouxe do Rio de Janeiro não só a habilidade com a bola, mas também a experiencia de quem já era membro da Bateria da Escola de Samba “Mocidade Independente de Padre Miguel” desde os 13 anos (Em 2009 inclusive se tornou o Mestre de Bateria da Escola). Chegando em Goiania ele participou da fundação de uma Escola de Samba, em 1977, chamada Ouro e Prata, e segundo ele “No desfile os jogadores do Atletico sairam todo mundo na Bateria: Gubio, Da Silva, Pintinho, Gilberto, Hudson, Ademar, e muitos mais… ” e o Mestre Sala era ninguém menos que o craque Bill, que ainda não era do Dragão, mas viria a ser artilheiro e campeão com o Atletico em 1985.

E por falar em anos 80 é justamente nessa época que encontramos o registro da já extinta Escola de Samba goianiense “Milionários do Ritmo”, do saudoso Valadares, que desfilou e foi campeã  homenageando a conquista do título estadual do Atletico Goianiense de 1985,composição que tinha por título : “Que bicho que deu ? Deu Dragão”. Avançando algumas décadas encontramos o Grêmio Recreativo Escola de Samba “Brasil Mulato” levando para a avenida os “200 anos do Bairro de Campinas”, com a alegoria “Dragão da Campininha” e com as alas: “ Charanga do Lulí” , “Respeita as Cores”, e ainda a Ala Fechamento “Amigos e Torcedores do Atlético Goianiense” . Na composição de Itamar Correia se entoava “ Sou Dragão, Sou tradição… olha só quanta beleza, periferia e redondeza de Campinas… É toda Goiânia com certeza… Deixa a gente cantar… vem pra Campininha sambar…”. Em 2022 a Escola de Samba “Academia do Samba” parou o Centro da nossa capital, em um belo palco que fechou a Rua 3 e soltou o grito “Alô torcida, alô nação atleticana. Alegria faz a festa no Castelo do Dragão, é campeão, é campeão, é campeão. O Atlético é a cara de Goiânia, está no berço cultural da nossa cidade” . Mais um samba enredo de composição do grande compositor e sambista goiano, o querido Itamar Correia. 

Poderíamos citar os inúmeros atleticanos que constroem e contribuíram para o Carnaval de Rua e de Blocos em Goiânia, como o saudoso Gilson Mundim, os carnavalescos rubro negros da Beija Flor e de outras escolas goianienses… mas isso fica para uma próxima Crônica. Continuemos agora cantando em verso e prosa a tradição do primeiro Clube do Povo dessa capital, que ecoem nos Estádios toda cultura popular, de festa nas ruas e nas arquibancadas, no Bairro de Campinas e em toda Goiânia.

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