Opinião: Edson Rodrigues e o Atlético-GO – Uma voz que nos carregou da dor às glórias

Partiu de nosso convívio o maior narrador futebolístico que a minha geração pôde presenciar: Edson Rodrigues. A quinta-feira, 26 de janeiro de 2023, amanheceu mais triste, corações nublados e lágrimas vertendo do céu são sinais de que o mundo do futebol, em especial o goiano, terá que se satisfazer agora apenas com as lembranças do “monstro sagrado da narração esportiva”.

Tive a oportunidade de encontrar Edson Rodrigues pessoalmente em duas ocasiões, uma primeira no breve período em que estive como comentarista na Rádio Sagres 730, a convite do jornalista Charlie Pereira, e ele estava no programa que antecedia os debates esportivos dos sábados, dessa feita tudo muito rápido, mas nada que já não tenha deixado meu coração aos sobressaltos… afinal não é todo dia que se tromba com uma lenda viva. O segundo e mais intimista encontro foi no Mercado Municipal da Cidade de Goiás, ele estava com uma camisa do Atlético Goianiense e eu o cumprimentei. Com um largo sorriso, uma voz de impressionar até dando bom dia, o maestro das rádios goianas foi imensamente gentil e afetuoso, trocamos algumas palavras, falamos da cidade, do mercado, do Dragão e de futebol, tudo muito rápido… pude ali lhe dizer do quanto era seu admirador. Quanto tempo durou esse momento ali na entrada das escadas que dão acesso ao Mercado de Goias? Não sei. Mas a nitidez e importância desse encontro para esse fã de futebol que vos fala… estão muito bem marcados… sem dúvida um grandioso momento de minha vida.

Edson tem uma relação especial com os atleticanos. Não por ser atleticano, aliás ele usava com toda alegria todas as camisas dos times da capital e do interior… Edson Rodrigues marca a torcida rubro negra pois sua voz nos conduziu, como trilhos de uma Locomotiva rumo ao progresso, a acompanhar a ascensão do Dragão. Na sua voz ouvimos desde o título da Série B do Campeonato Goiano de 2005 até títulos como os Estaduais de 2007 e 2014, o Brasileiro de 2016 e jogos da Copa Sulamericana em 2021. Edson Rodrigues manteve a Tradição que vem desde os anos 50 de se referir ao Atlético como “Locomotiva Rubro Negra”, alusão aos títulos estaduais invictos de 1955 e 1957 e avanço da Ferrovia no Estado, importante referência histórica que ele fazia ao Dragão. Em 1950 a Ferrovia chegou a Goiânia e em 1955 chegou ao Bairro de Campinas, sempre como expressão de força, progresso… Dai essa “alcunha” foi dada ao rubro-negro goiano por ter sido campeão atropelando todos adversários. Nós atleticanos jamais esqueceremos  que o Edson pedia o som da locomotiva rubro-negra a cada gol do Dragão.

Edson Rodrigues, imortalizado no coração de todos torcedores goianos e com uma pitada especial do amor e lembrança dos campineiros e atleticanos. Vá em paz !!

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