Definição da Filosofia

A demissão do técnico Wagner Lopes gerou muita discussão nas redes sociais, uns defendendo a manutenção e outros apoiando sua saída.

As 2 últimas campanhas na Serie B (Atlético-GO e Bragantino) e os 30 pontos no Goiano pesam a favor, enquanto, a baixa qualidade técnica apresentada pelo time esse ano e as indicações de jogadores que não renderam pesam contra.

Não vou julgar aqui o mérito da questão, afinal, a decisão já foi tomada.

Quero levantar outra bandeira, a qual defendo muito e vou tentar explicar: DEFINIÇÃO DA FILOSOFIA.

O assunto vem sendo muito debatido nos últimos anos, principalmente devido os bons resultados e futebol espetáculo apresentando pelo Barcelona e a pouco novamente levantado pela morte do holandês Johan Cruijff que muitos dizem ser o precursor desse futebol do clube espanhol.

O Barcelona definiu uma FILOSOFIA de jogo do CLUBE. Assim, as categorias de base treinam dentro dessa filosofia, os jogadores são contratados dentro dessa filosofia, os técnicos normalmente são ex-jogadores já acostumados com essa filosofia, enfim, existe um padrão no qual eles apostaram lá atrás e por isso hoje colhem os frutos.

No Brasil temos alguns exemplos e o principal é sem dúvida o Corinthians que desde 2010, após a demissão de Adilson Batista e contratação de Tite mantem um padrão de jogo. Demitiu Tite em 2013, contratou Mano Menezes que utiliza o mesmo padrão, claro com variações diferentes, mas, o mesmo padrão. Sai Mano Menezes em 2014 e adivinha quem assume em 2015: Tite.

É claro que não é apenas a escolha do técnico que levam a resultados positivos, são vários outros fatores como estrutura, organização, salário em dia, prêmios, bichos, comissão técnica, etc, etc, etc. Mas, sem dúvida alguma, a definição e manutenção de uma filosofia contribui muito para encurtar o caminho.

Imagina um menino da categoria de base que treina todos os dias dentro do mesmo padrão de jogo, quando chegar no profissional já estará acostumado com aquilo que lhe será orientado e cobrado. Não haverá aquela de se jogar mais adiantado não renderá ou aquele meia-armador que não tem perfil de marcação, o técnico cobra ajuda na marcação e por isso não está conseguindo apresentar seu melhor futebol. Os jogadores serão contratados dentro do perfil de cada função dentro do padrão tático.

Voltando ao exemplo do Corinthians, após a debandada para China, o time teve que ser remontado e um exemplo foi a saída do Jadson, jogador que foi líder em assistências no Brasileiro em 2015. Para o seu lugar o Corinthians trouxe Giovanni Augusto do Atlético-MG, sabe porque? Foi o segundo colocado em assistências, ou seja, buscou se manter a característica.

Outro exemplo claro disso, porém, na contra-mão dos resultados é o Flamengo versão 2016. Muricy Ramalho, após parada devido problemas médicos, aproveitou para conhecer o Barcelona e se encantou exatamente com a Filosofia de trabalho do clube espanhol. No seu retorno ao futebol cobrou a possibilidade de implementar isso no clube rubro-negro, no entanto, pegou um elenco montado por Luxemburgo com outro perfil: Jogadores velocistas. Muricy tenta dar padrão ao time, tentando usar como maior característica a posse de bola, mas, como manter posse de bola se o perfil dos jogadores não é qualidade de passe? O reflexo são os maus resultados.

A solução para o Flamengo, neste caso, é manter o padrão e ir mudando o elenco dentro das possibilidades do mercado, independente dos resultados,  adequando aos poucos o elenco ao perfil desejado, acreditando no PROJETO ou demitir o Muricy e trazer um técnico adequado ao padrão do atual o elenco.

Poderia também citar o exemplo mais recente: o Audax. Que definiu seu estilo de jogo e mesmo perdendo jogos, acreditou no projeto e o resultado esta ae, finalista no Paulistão 2016.

Para que fique claro, não estou contestando mudar de técnico, isso é normal, até mesmo pelo desgaste que vai acorrendo ao longo do dia a dia, a bandeira que levanto é que o clube defina uma FILOSOFIA e que tanto técnicos como jogadores sejam contratados dentro da filosofia do CLUBE.

 

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