Janela de transferências: quais contratações podem moldar o retorno do Atlético-GO

O Atlético Clube Goianiense está entrando em mais uma janela de transferências com muitas perguntas e um trabalho urgente pela frente.

Mais uma temporada, mais uma decepção. O Atlético-GO terminou em 11º na Série B com 52 pontos, vencendo apenas 13 das 38 partidas. É um resultado que captura perfeitamente onde este clube tem estado preso nos últimos anos. Nem ruim o suficiente para entrar em pânico, nem bom o suficiente para sonhar.

Para um time que voltou à segunda divisão após uma das campanhas mais desastrosas da Série A na memória recente, este deveria ser o ano de reconstrução e briga pelo acesso. Em vez disso, passaram por mais uma temporada sem identidade, direção ou embalo, o que mostra que o time ainda não está entre as melhores bets e ainda há muito a fazer para recolocar o clube no caminho certo.

Os problemas do Dragão vão além dos resultados. A promoção de 2023 pareceu um ponto alto, mas o retorno à Série A expôs falhas graves. Eles sofreram o segundo maior número de gols da liga e marcaram apenas 24, o pior ataque da competição. Uma defesa vazada combinada com nenhuma força ofensiva confiável tornou a permanência impossível contra times com mais estrutura.

O rebaixamento foi doloroso, mas compreensível. O que tem sido mais difícil de aceitar é a falta de progresso desde o retorno à Série B. Esta temporada sob Rafael Lacerda trouxe poucas mudanças.

Contratações como Thiago Medeiros, Léo Pereira, Lucas Gazal e Daniel Lima visavam adicionar qualidade a um elenco avaliado em mais de €14 milhões. Ainda assim, as performances continuaram apáticas. A rotação constante na defesa e no meio-campo criou bagunça, muitos perfis parecidos, nenhuma hierarquia clara e mudanças táticas que os deixaram expostos.

Os jogos frequentemente viam bons começos se transformarem em fragilidade, com riscos tardios necessários apenas para buscar pontos. Lacerda busca um time-base, mas não confia na estrutura do elenco, deixando até escalações promissoras lutando para entregar.

Como o Atlético-GO pode voltar?

No papel, o Atlético-GO não deveria estar sofrendo assim. Eles têm uma torcida fiel, acesso ao celeiro de talentos goiano e, nas últimas janelas, orçamento suficiente para ser ativo no mercado. O problema não é falta de dinheiro. É falta de planejamento coerente de elenco. Para corrigir isso, eles devem copiar clubes como o Coritiba, que conquistou a Série B este ano como especialista serial em acesso.

O Coritiba, sob Mozart, mistura veteranos para liderança, empréstimos de clubes grandes como o Fluminense e jovens talentos para revenda. Sua base conta com zagueiros e volantes experientes como Rodrigo Moledo e Maicon, além de atacantes emprestados como Gustavo Coutinho. Essa montagem entrega físico, força na bola parada e qualidade para vitórias apertadas.

O Atlético-GO deve escolher um estilo para a Série B, seja pressão intensa ou posse controlada, e recrutar para isso. Construir um núcleo de 6-7 peças cascudas de toda a divisão. Isso é mais fácil falar do que fazer. Se o Atlético-GO leva a sério aprender com o Coritiba, o próximo passo é recrutamento cirúrgico. Aqui, reunimos alguns jogadores potenciais que eles poderiam contratar para 2026.

Shaylon

Trazer Shaylon de volta pode ser uma jogada de mestre. O volante de 28 anos passou anos no Atlético-GO, fazendo quase 200 partidas e marcando 34 gols antes de vestir a camisa do Mirassol. Seu contrato expira em dezembro de 2025, deixando-o disponível.

Sim, suas atuações nas últimas temporadas ficaram abaixo de seu padrão usual, com apenas dois gols e duas assistências em 28 jogos, mas sua experiência na Série B e capacidade de controlar o ritmo como um primeiro volante vocal são exatamente o que o clube precisa agora.

Ele tem o físico para proteger a defesa, a inteligência para apoiar as transições e a familiaridade com o clube para render de cara. Em um elenco clamando por liderança e estabilidade, Shaylon representa tanto continuidade quanto qualidade.

Matheus Thuler

Matheus Thuler não vai consertar tudo, mas ele é exatamente o tipo de contratação que poderia ajudar o Atlético-GO a reencontrar seu DNA defensivo.

O zagueiro de 26 anos está atualmente no Vissel Kobe da J1 League do Japão e tem passagens sólidas por Flamengo, Montpellier e futebol asiático. Seu valor de mercado de €1,3 milhão cabe no orçamento do Atlético-GO para uma peça importante na zaga.

Seu perfil sugere confiabilidade e liderança na defesa. Ele não é um zagueiro que vai destrancar ataques com passes progressivos, mas não é isso que o clube precisa agora. Eles precisam de alguém que ame marcar, que organize os companheiros ao seu redor e que traga solidez para uma defesa que vazou gols por dois anos.

Voltar do Japão para a Série B brasileira vai exigir readaptação, e um zagueiro sozinho não vai resolver problemas sistêmicos. Mas se o GO montar a estrutura certa ao redor dele, Thuler pode ser a base de uma defesa digna de acesso.

Ronaldo Tavares

Ronaldo Tavares oferece ao Atlético-GO o homem de referência no ataque que eles tanto precisam. O atacante português de 28 anos marcou nove gols e deu cinco assistências em 25 jogos pelo Athletic Club na última temporada, apesar da luta contra o rebaixamento. Com 1,93m, ele domina pelo alto e joga ligado, dando aos pontas e meias um alvo.

Tavares prospera com bolas diretas, estruturando ataques em torno de sua força de pivô. Seu valor modesto se encaixa no orçamento do GO, entregando maturidade de auge sem custo pesado. A efetividade depende de um estilo que alimente suas características, como os atacantes emprestados do Coritiba.

Ele apoia o Lele sem criar concorrência, adicionando poder de fogo em jogos duros. De estagnação no meio da tabela para briga pelo acesso, Tavares transforma um ataque apagado em algo potente. Uma contratação esperta e pragmática na janela.

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O Atlético-GO está numa encruzilhada enquanto a janela de transferências esquenta. Shaylon, Thuler e Tavares se encaixam num plano claro: espinha dorsal veterana, funções definidas, casca de Série B. Copiar a receita do Coritiba de experiência, empréstimos e juventude. Rafael Lacerda precisa dessa estrutura para acabar com as perguntas constantes sobre para onde o clube pode ir.

O Atlético-GO não precisa de uma revolução. Eles precisam de clareza. Escolher uma identidade, montar uma espinha dorsal, parar a rotatividade constante e dar tempo ao elenco para criar entrosamento. Caso contrário, neste mesmo período no ano que vem, estaremos escrevendo o mesmo artigo sobre mais uma temporada jogada fora.